Cena: acuado pelo frio, um casal de brasileiros entra em um restaurante londrino. Quando o recepcionista vem pegar os casacos pesados para levar à chapelaria, os dois se encolhem, ainda gelados, deixando o rapaz de braços estendidos.
Mais que um “faux pas” (ou uma gafe), a relutância em tirar o agasalho reflete a dificuldade de lidar com temperaturas com as quais não estamos acostumados. O corpo reage -e não há regra de etiqueta que impeça o organismo de se proteger contra temperaturas altas ou baixas demais.
Tiritar de frio, por exemplo, é uma maneira involuntária de se aquecer. “O tremor e aumento de velocidades das reações do corpo são maneiras de compensar a temperatura baixa”, explica a endocrinologista e nutróloga Vânia Assaly. Os mecanismos da tireoide também atuam na regulação do calor corporal.
Para enfrentar temperaturas muito baixas, uma medida importante é proteger as extremidades, como pés, mãos, nariz e orelhas, para manter uma boa circulação sanguínea. Movimentar o corpo ajuda a aquecê-lo.
Outra dica é levar amêndoas e castanhas para consumir ao longo do dia. “É uma forma de conseguir aquecimento interno”, afirma Assaly.
Tempo quente
Da mesma maneira que ocorre com o frio, o mecanismo de regulação do organismo reage ao calor intenso: e dá-lhe suor e moleza.
“Em uma temperatura alta, a pessoa perde líquido, se desidrata, a pressão arterial cai. Queimaduras de sol na pele também tiram água do corpo, com as bolhas que se formam”, diz Marise Lazaretti Castro, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.
No calor forte, é preciso ficar atento aos medicamentos usados, pois pode haver efeitos colaterais. “Quem toma diuréticos por conta da pressão, por exemplo, pode fazer com que ela fique baixa demais”, explica Castro.
Outro cuidado é ficar de olho nos alimentos ingeridos. “Se o calor está forte demais, há maior probabilidade de a comida estar estragada.”
Vestir roupas leves, de tecidos naturais, que permitem a transpiração, ajuda a combater o calor. Outros cuidados são o uso de chapéu e de protetor solar, evitar o sol das 10h às 16h e entrar na água sempre que possível.
A palavra de ordem é hidratação. Mas não pense que caipirinhas ao lado da piscina resolvem. “É preciso tomar água ou água de coco. O álcool desidrata”, diz Assaly.
Mas, além dessas dicas, antes de viajar fique também sempre de olho na previsão do tempo: consulte o site Tempo Agora (www.tempoagora.com.br) para o Brasil e o Weather Online (www.weatheronline.co.uk) para o resto do mundo.
Fonte: Folha de São Paulo